sábado, 12 de maio de 2012

Mãe-Pátria I

Minha mãe pátria suja 
Me esquece numa esquina escura.
Choro a fome, sem nome.
O menino-homem no berço pobre 
Abandonado com a sorte dos inválidos,
No hálito sanguinário da dor.
Minha mãe pátria puta 

Me esquece numa esquina escura,
Sem nome, alguma alcunha. 
Nos entulhos dos becos sujos
Arrasto-me chorando, galgando as pedras
Das ruas imundas, noturnas.
O teu desprezo – fúria – insulta, 
Empurra-me para fora de mim. 
Palmadas com as mãos pesadas,
Não quer me dar o que comer.
O que serei quando crescer? 
Filho bastardo do ódio
No pódio da destruição 
Ou com revolveres da ilusão?
Minha mãe pátria suja 

Me esquece  numa esquina escura...

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