quinta-feira, 13 de junho de 2019

Canção do Amanhã

Não andava,

Voava.

Olhos cintilantes, farol na noite.

Um brilho desconcertante, ofuscante

Pelo caminho caminhado, pisado.

A brisa sacudia seus cabelos.

Passava o mundo em câmera lenta.

E a brisa foi cessando,

E de fresco foi ficando árido.

Solo cada vez mais quente.

Calmamente estranho

Caminho vazio.

O vulto

O surto

O Insulto
O luto

E ela solto-me a mão,

Levantou os olhos

E desistiu do caminho

Não é normal para quem voa

(Voava aos nossos olhos)

Mas vinha presa,

No fundo do abismo da alma

Não via no espelho a mesma luz.

Preferiu outro caminho. 
Dizendo que voltava amanhã,

Soltou-me a mão e se foi.

Assim vi sua escuridão

Assim dimensionei seu verdadeiro clarão...