quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Cheguei?

        Acordei hoje um pouco mais cansado. Era muito tarde quando me deitei. Ou melhor: dormi de fato.
        A madrugada rompia junto com meus pensamentos vagantes. Uma pequena retrospectiva veio a minha cabeça. As grandes construções feitas este ano, as grandes decepções, as mais cruéis traições, os mais inesperados acolhimentos... Foi um tempo inconstante. Do momento em que tudo voava em céu de brigadeiro e com visão plena do horizonte aos passos dados com pernas de dez quilos, com caminho espinhoso e com encruzilhadas. Tudo sempre muito pesado, mas quem não teve suas pernas pesadas em algum momento? O peso vem de decisões ou em muitos casos, a falta delas. Protelar, esconder-se, fingir que tudo está em seu lugar, avançar, atacar, ir para cima, moldou-me o ser e o estar. 

       Tive o coração, muitas vezes, dilacerado e acalentado, mas prossegui. Tive perdão e negação, mas também perdoei e muitas vezes dei as costas e assim prossegui. Chorei o choro dos canalhas e gargalhei a rizada dos desvalidos, mas prossegui. Fiquei meio assim: sem ao certo saber em quem me transformei, o que adquiri ou onde cheguei mas sei exatamente onde quero chegar e quem quero ser.
      
      E assim, dormi...

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Palavras que não leio

As palavras podem cortar,
Algumas sangram que dá dó.
E fico assim: só o pó.
Mas um dia eu desaprendo a ler.
Ficou ignorante e feliz,
Como eu sempre quis.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Batalhas

Fiz da minha vida uma grande Cruzada.
E luto as maiores batalhas.
E em luto as mortes pelos campos.
As vezes penso no que se destruiu, 
As ruínas que causei.
O soldado que me transformei.
Não sei.
Caminhei anos a fio com meu estandarte.
Amando minha bandeira e minha espada como se ama a arte 
Mas sempre esquecendo meus companheiros.
Não tem jeito,
Tenho que deixar alguém para trás.

Acho que foi necessária algumas guerras.
Não aprendi a ser passivo
Ou pacifistas.
Mas insisto!
Queria que algumas pessoas me acompanhassem nessas batalhas.
Mas sou incapaz de enxergar o homem como homem.
Choro por dentro.
Lamento, mas sou fruto de um meio que é metade.
Eu não soube ser tudo ou todo,
Quando me faltaram palavras e afagos.
Um mundo "moderno" no eterno luto
Das lutas vãs.   

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Singular

Olho o olho que olha os fatos...
Farto com falas que fazem o *nada*...
Nado, mergulho da nau a deriva...
Devasso demônios e delinquentes despidos de si...
Singular... 

domingo, 28 de junho de 2015

O Boêmio

Andei pelo centro de Belo Horizonte.
Parece que tem anos que não o faço.
Meus passos curtos olhando as luzes,
Um domingo, a noite e as risadas.
Pensei: onde eu estava esse tempo todo?
Caído em algum lugar? Morto?
Não sei.
Sei que me veio um saudade enorme de beber as primeiras cervejas na Savassi
E terminar nos bares da Rodoviária.
Aquele pão com pernil que pode matar.
Mas antes, matou minha fome.
Os bares, as conversas, o Malleta...
Viram aquela tribo?
Eu já estive alí. 
Assim me pegunto:
Onde estou?
Estou no centro de Belo Horizonte e em lugar nenhum...

domingo, 7 de junho de 2015

Sou livre, louco e lerdo

Sou livre, louco e lerdo.
Lerdo?
Mudo meu dia, mudo minha alma
Mas não me salvo.
Serei o alvo?
Sou livre.
Tenho o vento na cara.
Um vendaval me leva.
Mas leva para onde não quero ir.
Sou livre.
Leio livros e disserto.
Certo que livre sou?
Mato a todo instante.
Com risadas graves.
Rir de loucura, de desespero me centro.
Sou louco?
Talvez um pouco
Pelo "eu" que tenho guardado
Em meios a diamantes e farrapos.
Então te peço:
Não doa mais meu peito
Pois sou livre, louco e lerdo.



domingo, 10 de maio de 2015

Por Onde?

Volto...
   Venho...
A mim...
   Aos Outros...
Inseguro...
   Altivo...
Luto...
   Me sento...
A luta...
   Pacífico...
Interna...
   Projetado.
Paro...
   Bailo...
Onde?
   Até quando?
....

segunda-feira, 16 de março de 2015

O Espelho

Eu caminhei num labirinto de espelhos.
Fiquei vagando por anos naquele lugar estranho.
Gritei por várias vezes meu pai, minha mãe mas nada.
Só conseguia ver meus olhos vermelhos.
Os mesmos que eles viram nascer,
E que agora, viam sumir no caminho.
Só senti minhas dores.
Só vi minhas cores.
Não vi nenhum rosto diferente.
Só via a minha face.
Mais ninguém diferente ou com disfarce.
E mesmo que eu me desfaça, o que sobrava era apenas eu.
Pensar em mim,
Buscar para mim.
E só.
Mais ninguém a minha volta.
Nenhum choro o lamento que não seja o meu próprio.
E como embebido no ópio eu seguí.
Preso ao espelho das paredes
Como quem olha sua imagem na água.
Preso em mim,
Neste labirinto sem fim.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Menina e o Brinquedo.

A menininha corre pela sala imensa de seu palacete.
Vida de viagens, luxo e confetes.
E a menina ri dos pássaros que voam no seu jardim imenso.
E a menina brinca com sua bonecas caras.
E a menina brinca e solta gargalhadas.
A menina ...
Mas algo não está mais certo.
A menina perde seu melhor brinquedo.
A menina se senta e chora.
Faz birra, pirraça, esbraveja.
A menina perdeu seu brinquedo.
Mas logo cedo, ela ganhará outro
E seu brinquedo antigo,
Perderá o sentido...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carnaval

Era Carnaval e os confetes caiam como lágrimas.
A máxima expressão da alegria, que grita num emaranhado de corações partidos.
E no meio de todas as fantasias estou aqui.
Subindo ladeiras seculáres,
Onde uma curta vivência passa ligeira pelos pensamentos.
Onde as igrejas enfeitadas me convidam a implorar,
Mas a folia não para.
São trompetes, taróis, bumbos,
E eu caminho rindo e mudo,
Contente e confuso.
Um Arlequim chorando sua Colombina e arrancando risos na folia.
Uma imagem lindamente doente.
E o Bloco?
O Bloco não para.
Mais corações partidos estão sambando, sonhando e "livres" de si mesmo.
Será?
Acho que amanhã é quarta-feira de cinzas....

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O Cego

Hoje acordei cego.
Era muito cedo e a escuridão me trazia o medo.
Medo de voltar a enxergar.
Mas os conflitos que me trazem a escuridão?
Viver a ilusão de um chão firme
Ou a realidade de uma vida sobria?
Com peito retalhado decidi adormecer.
Aproveitei a escuridão, a cegueira, meu peito dolorido
E me encolhi.
Olhei para o espelho e não me vi.
Um homem sem rosto, sem corpo e sem rastros...

domingo, 25 de janeiro de 2015

Tempestade

Hoje choveu muito.
E os dias de muito Sol, que ardia a pele, sumiu. 
E chegou a água em trombas- um rio. 
O vento frio, hoje, me vez companhia, com seu assobio. 
A moto pouco acelera.
Gera o temor do tempo impetuoso.
O vento é intenso.
Mas o cantar dos pássaros pela manhã, já nos avisavam do "pior".
Colocar os minutos sobre pressão para que as águas turbulentas não me arraste.
Que não arraste tudo.
E o fundo da alma, estranha a mudança.
A raiva absurda da natureza.
Mas o mundo foi feito a golpes de grandes destruições.
Ou será Construção? Reconstrução?
E o Sol se fez negro no inicio.
O mundo "acabou" e "renasceu".
Mas só se destruiu ou renasceu no entendimento.
Com todo respeito a quem tem medo,
É o simples, comum e inevitável deslocamento.
As plascas Tectônicas que saíram do lugar como já era programado.
A velha novidade da transformação.
A transformação que nos faz tremer.
Que nos traz o medo de que o solo esteja saindo de baixo dos nossos pés,
E não perceber que outros relevos, plantas e animais se colocam diante dos nosso olhos.