segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Sem palavras


Queria muito escrever mas não tinha palavras.
Olhei dentro de mim, nos rabisco que eu fazia,
Mas não encontrei nada além das travas.

Tinha dor e decepção mas não havia verbos,
adjetivos, artigos seja em português ou qualquer dialeto.
Nada.

Apenas contemplei a dor mudo e em murmúrios.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

ALMA livre


A luz pela fresta, 

o baile e o som da festa, 

o que resta de fato é o flerte. 

Ver-te alma livre, 

viagem no azul, 

bem mais ao norte, 

mas que entorte ao extremo-sul. 

Anis. 

Seu corpo leve e indolor, 

alma brincando de ciranda com as estrelas e flerte se converteu a junção.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Flor do Lixo


No meio do lixo, lodo intenso
Imerso a sujeira, sem eira e nem beira,
as margens de um corrego imundo,
Onde o sol não se aventura a iluminar
A flor brotava na escuridão fétida.

A flor nascia entre as pedras,
resistindo ao esgoto,
no roto solo envenenado
arado pelos urubus

e assim, a flor que era para ter cores,
emanar suspiros e iluminar as almas,
impedida de alcançar a luz
cresceu na escuridão, no esgoto,
endurecendo, criando crosta, desenvolvendo espinhos
mantado outras ervas e plantas ao seu redor,
que entram em seu caminho.

Flor com manchas e sujeira,
se abre e seduz os insetos,
sanguinária, carnívora com uma cruz
no seu caule como amuleto
devora,
aflora,
engole,
distroi,
dissolve...

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Dilúvio

 


Foram tantos dilúvios,

Que nem sei te falar.

Mais uma vez, o Vesúvio,

Chora as lágrimas incandescentes.

Caíram estrelas queimando o solo,

A criança estuprada no colo,

Apenas pede que tudo termine rápido.

Foi Deus, foi ele com raiva das profetizas que dormem com seus filhos ou

Foram os pobres famélicos?

Foram os homens de "bem" que matam e mentem,

Ou foi o canalha que quer dividir o pão?

São tempos de um Deus que perde em si e nos seus seguidores,

Diante de um povo acamado e com dores...

sexta-feira, 24 de julho de 2020

(É) Rei

Errei.
Hoje, com coração rasgado, reconheço que errei.
Eu que aos pedaços ando, sem rumo e sem rastro,
Sei que de fato errei.
Na minha imponência torta,
E duvidosa força, tenho certeza que errei.
Minha altivez mentirosa, com meus tênis sujos,
minha hilária condição tosca de lord,
Pilhando gargalhadas aos montes 
no principado do fracasso sou rei.
Não foi um exército inimigo, 
veneno no vinho,
vale sombrio,
ou emboscada.
Foi ela. De sorriso macio e gaguejando. 
Contou-me do monstro, do amor, do vilão, do seu herói e do rei
Que rei? Não vi e não sei,
Errei.

sábado, 11 de julho de 2020

Nu

Não vi nada.
Senti um branco quase escuro de tão reluzente.
mas não vi nada, não tenho visto nada e não sinto nada.
Falta-me o ouro, a colcha e sobra-me outono.
Não tenho mais sangue, músculos e tecido adiposo.
Ando assim, dolorido, risonho, lindo, horroso e lépido e em vértices.

Perdi a conta, os versos, a graça e as palavras...

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Medo

Era tudo tão escuro,
eu tinha tanto medo,
encolhido no canto do muro
esperando que o dia amanheça.

A formiga com passos de elefante,
a mosca com zumbido estridente
vento com estrondo uivante,
a sombra um monstro horripilante.

E assim faço do meu pequeno canto,
uma ilha perdida,
No canto invisível da mente,
em minha alma partida.

terça-feira, 26 de maio de 2020

O Inimigo

Houve uma fissura na minha consciência.
E dessa fissura nasce um rio de medo,
Onde o placebo da felicidade não vinga.
fuça e desnuda,
A pele escura que vê na guerra a única esperança de vida.
E os seus ou os iguais aos seus também são inimigos seus.
E no asfalto é ódio, ela lama e é guerra,
que era o mau e executa o que vive mal.
A maldição da cor, onde o Estado é mínimo e se sangra ao máximo.

E assim, ferido, quem deveria ser aliado, torna-se inimigo.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Balada do fim do mundo...

Chegou o fim do mundo!
E no fim do mundo deparei-me sentado à mesa em frente a uma garota que olhava o fim do mundo com os olhos marejados.
Eu sorridente a perguntei o porquê de tanta tristeza.
Ela respondeu-me: é o fim do mundo!
Eu disse a ela que o fim do mundo chegaria para mim, para ela e para quem mais estivesse sobre essa terra!
Mas ela falou que o fim do mundo já tinha iniciado quando perdera pai e quando perdera a mãe.
Fim do mundo!
Eu pensando o quanto triste é o fim do mundo.
O fim do mundo para mim é a perda da existência. existência como ser.
E só queria ter mais tempo, tempo...
Para quê?
Quando percebe-se uma solidão tamanha em que nada consegue suprimir mas para ela, ainda tem vida para ter o fim do mundo.

segunda-feira, 16 de março de 2020

VOZ alta

Falei meu nome em voz alta,
com tanta força
que a louça soltou da parede.
É fato.
É falso.
Fantasias que quero fantasiar
mas a realidade esbofeteia e rouba-me o ar…

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

O Carnaval chegou...


O Carnaval chegou...
carnavalizei...
coletivizei...
ao bater do tambor, minha'lma saía do corpo.
era droga,
era luz.

O Carnaval chegou...
Os beijos vieram...
Os braços curtos em abraços tímidos, afloraram.
Era o "eu" saindo do escuro.
Era o muro em queda...

O Carnaval chegou...
O suor e o samba,
A tristeza e melancolia tomba
O confete enfeita...

O Carnaval passou...
É quarta de cinzas,
É semana de chuva.
Turva...

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

reação

pensamentos lentos - o vento.
meus olhos roxos - fosco.
o tempo para, escancara a lama.
Deito-me na cama
meio santa e meio profana
adormeço...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

cala-te

Resultado de imagem para silencio pintura"
Vejo filtro
falácias,
falta dados,
falta fatos,
farto,

transito,
insisto no caminho,
adivinho,
esqueço o objetivo
o infinito e o infinitivo.

cala-te!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

cresceu...


 
Ela deixou-me sem saber.
Não era ela,
Não era eu.
Era o que eu abominei.
Ela cresceu...
Cresceu...
Onde estamos agora?