Tijolos colocados um a um
Concreto, vigas para o teto.
Meço de uma forma cirúrgica
cada azulejo, cada ladrilho.
Vergalhões instalados, os sacos do cimento mais forte.
Furei um poço,
Tirei a água mais clara.
Armei o concreto e matei a sede.
O suor pingando, sol queimando
eu construindo.
E ela do outro lado olhando.
Serena…
Eu a via e a desejava.
Ela me olhava, acenava
enquanto eu sonhava com ela na minha sala,
na minha cama,
na minha casa.
O ultimo azulejo foi assentado.
Sentei-me a varanda
respirei…
E ela lá…
Olhava-me com ternura - olhos cintilantes.
A chamei.
Ela se levantou, veio em minha direção,
Admirou minha construção e sacou sua marreta.
Inebriado, não a percebi.
Olhava extasiado…
ela passeava pela construção como uma pluma,
me sorria, prometia felicidades e batia.
A cada azulejo arrancado, a cada buraco nas paredes,
meu coração embriagado, sorria.
Cada parede construída,
cada lembrança,
cada suor…
Chorei noites sem enxergar.
Nada sobrou…
Nada…
após tudo destruído,
ela sacou um lenço,
enxugou minhas lágrimas, sorriu e disse.
-Meu Amor, reconstrua que volto.
Passei horas deitado,
olhando para o céu.
Engoli o soluço,
Peguei o resto do cimento no saco,
e empilhei meu primeiro tijolo...
Joy
Há um mês