sábado, 8 de janeiro de 2022

flores de maio


Quando te vi ali sentada, a beira da estrada
Com as crianças famintas e assustadas

Eu queria poder dizer para você, que tudo isso vai passar, Mas eu mesmo não consigo acreditar

 

Que tudo é  superável

 

Não criamos imagens com as nuvens

E o céu todo está cinza, tão cinza

Não vou reescrever, reinventar

Nada mais colorido

 

As fotos da cabeceira apagaram

Lágrimas não são sementes

E as flores de maio

Há tempos que não desabrocham.

 

Ele olha da janela do seu carro bonito, Um ato simplório,Joga restos de comida eum pedaço de nossas vidas

Ela segue com seu canto lamento, com olhos famintos,A guardando o final dos dias que lhe restam

E tudo é indescritível 





17 demônios


A doença corroeu a alma

Na lama o homem trama

Outro verme, outra peste

 

A farda anestesiou o ferido

O velho capacho do rei

Fala inglês, ser maldito

 

17 demônios,

17 doenças,

17 vezes que o mal vingou,

 

E agora sem, brilho no olhar,

Coração de vidro a espatifar