sexta-feira, 24 de julho de 2020

(É) Rei

Errei.
Hoje, com coração rasgado, reconheço que errei.
Eu que aos pedaços ando, sem rumo e sem rastro,
Sei que de fato errei.
Na minha imponência torta,
E duvidosa força, tenho certeza que errei.
Minha altivez mentirosa, com meus tênis sujos,
minha hilária condição tosca de lord,
Pilhando gargalhadas aos montes 
no principado do fracasso sou rei.
Não foi um exército inimigo, 
veneno no vinho,
vale sombrio,
ou emboscada.
Foi ela. De sorriso macio e gaguejando. 
Contou-me do monstro, do amor, do vilão, do seu herói e do rei
Que rei? Não vi e não sei,
Errei.

sábado, 11 de julho de 2020

Nu

Não vi nada.
Senti um branco quase escuro de tão reluzente.
mas não vi nada, não tenho visto nada e não sinto nada.
Falta-me o ouro, a colcha e sobra-me outono.
Não tenho mais sangue, músculos e tecido adiposo.
Ando assim, dolorido, risonho, lindo, horroso e lépido e em vértices.

Perdi a conta, os versos, a graça e as palavras...