segunda-feira, 16 de março de 2015

O Espelho

Eu caminhei num labirinto de espelhos.
Fiquei vagando por anos naquele lugar estranho.
Gritei por várias vezes meu pai, minha mãe mas nada.
Só conseguia ver meus olhos vermelhos.
Os mesmos que eles viram nascer,
E que agora, viam sumir no caminho.
Só senti minhas dores.
Só vi minhas cores.
Não vi nenhum rosto diferente.
Só via a minha face.
Mais ninguém diferente ou com disfarce.
E mesmo que eu me desfaça, o que sobrava era apenas eu.
Pensar em mim,
Buscar para mim.
E só.
Mais ninguém a minha volta.
Nenhum choro o lamento que não seja o meu próprio.
E como embebido no ópio eu seguí.
Preso ao espelho das paredes
Como quem olha sua imagem na água.
Preso em mim,
Neste labirinto sem fim.