Acordei hoje um pouco mais cansado. Era muito tarde quando me
deitei. Ou melhor: dormi de fato.
A madrugada rompia junto com meus pensamentos
vagantes. Uma pequena retrospectiva veio a minha cabeça. As grandes construções
feitas este ano, as grandes decepções, as mais cruéis traições, os mais
inesperados acolhimentos... Foi um tempo inconstante. Do momento em que tudo voava
em céu de brigadeiro e com visão plena do horizonte aos passos dados com pernas
de dez quilos, com caminho espinhoso e com encruzilhadas. Tudo sempre muito
pesado, mas quem não teve suas pernas pesadas em algum momento? O peso vem de
decisões ou em muitos casos, a falta delas. Protelar, esconder-se, fingir que
tudo está em seu lugar, avançar, atacar, ir para cima, moldou-me o ser e o estar.
Tive o coração, muitas vezes, dilacerado e acalentado, mas prossegui. Tive
perdão e negação, mas também perdoei e muitas vezes dei as costas e assim prossegui.
Chorei o choro dos canalhas e gargalhei a rizada dos desvalidos, mas prossegui. Fiquei meio assim: sem ao certo saber em quem me transformei, o que adquiri ou onde cheguei mas sei
exatamente onde quero chegar e quem quero ser.
E assim, dormi...
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