terça-feira, 10 de outubro de 2017

O Assassino

Hoje não tive piedade.
A muito tempo o espreitava.
Já não aguentava mais esse homem de meia idade.
Meu ódio a ele me sangrava

Não deu outra:
Fiquei, como sempre, a observa-lo
Esperei-o em sua alcova
E matei-o

Vi aquele homem doente caído
Meu sangue pulsava de ódio
Queria ainda chutar esse ser esvaído
Cego, Hipópio

Continuei a olhar esse ser
Olhando assim, não era tão ruim
Estranhei-me ao ódio e ao maldizer
Contemplei em silêncio, o seu fim.

Esse homem passou a não ser tão odiado
Talvez não tenha tido tantas opções assim
Um homem que corria muito, rodado
Adoeceu pelo caminho até ficar assim

Olhei-o mais profundamente
Sua pernas eram próximas as minhas
Ele me parecia careca totalmente
Suas sombranscelhas eram igualzinhas

Reconheci
Sou eu
O lado que não quero mais
O lado que em mim morreu

Esse ser não teria mais lugar por aqui
Então um de nós precisa continuar
Não quero as chagas que trás assim
Por que eu ainda quero caminhar...

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