Sentado em meu quarto, viajo entre as
rachaduras que nele estão.
Parte-me a alma saber que um homem
trabalha a vida toda, de sol-a-sol para se deitar em seu leito pobre– que na
maioria das vezes não é de fato seu - sem expectativa, sem um lugar decente
para descansar seus ossos moídos pela longa jornada.
É para mim, estranho, pensar que temos
uma constituição que fala em seu artigo sexto a obviedade de que um cidadão tem
garantido seus mais primários direitos a subsistência. Morar? Ter moradia?
Morar dignamente? Perguntas que se tornam tolas quando a seu conteúdo obvio. Vendo
uma família em baixo de marquises, passando fome e frio e pior: tendo a
dignidade roubada pelos longos anos de trabalho escravo. E onde está o
cumprimento dessa lei? Onde está a lei para aqueles que ficam anos a procurar
sua dignidade concretada em tijolos e cimento? Somos peças de uma maquina
capitalista que corrompe a massa, deixando-a pensar que moradia, educação e
outros itens deste porte são bem menos importantes que um Ipod. O sustento de
seus filhos e filhas sendo degradado a cada dia por uma escória capitalista que
nos suga, sangra, corrompe e escraviza nos dando em troca, pão e carnaval.
Ainda que tenhamos um governo progressista, eu quero mais. Quero poder ver
minhas filhas crescendo com condições de não ser escravizadas como eu fui e
ainda sou. Quero poder me recolher, junto a mulher que amo, a dignidade de uma
moradia descente. Quero poder ter em minhas mãos as chances e o verdadeiro
controle da direção das coisas que tenho de melhor: Minha vida e minha família.
Assinado:
Cidadão Brasileiro.
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