domingo, 11 de junho de 2023

O Circo


O Circo está montado Já está na hora de começar o espetáculo
Homem de fraque e cartola, faixa verde e amarela diz: será o espetáculo da Terra
O domador ataca o urso, confuso com o chicote, com suas costas marcadas
O homem se contorce estralando os seus ossos mas é diversão garantida
Malabarista se equilibra,  facas e adereços, imaginando o que vai lhe atingir
trapezista se atira, com torcida pra cair, voa com coração na boca
palhaço da risadas com a plateia abismada, com todos hipnotizados
artista engole faca, maus-tratos , violência, esperando a hora do jantar 
E os leões rugindo e todo mundo rindo, todo mundo a aplaudir
E os leões salivam e todo mundo rindo , todo mundo a aplaudir
E no coração um foço, mas o show tem que continuar

segunda-feira, 8 de maio de 2023

João Bobo


Você me engana

Me ilude com, seus sonhos grandes

Você me ganha
Me faz o mundo, a roda gigante

Você me embriaga
Me envenena com vinho refinado
Você me entrelaça
Me acalma alma pensamento ama

Não sou João bobo
Para cair e levantar de novo

você me abraça

Me mostra o que sou e o que posso ser

Você me arrebata
Me ensina o caminho e o que não posso aprender

Agora me ignora
Me deixa na rua sem sobre nome
Você manipula
Perdi minha casa e a dignidade

Você me prometeu o mundo, mas bem no fundo
Fiquei no interior bem longe de qualquer capital

terça-feira, 7 de março de 2023

Magnificat Song (A Razão Que Não Aprisiona)

Minha alma partida cai de joelhos no chão
Te gritei desesperado quando me faltou o pão
E não, não ouvi nada, estou só na estrada

Fui a sua casa e gritei por meu irmão
Era ordem sua para não me estenderem a mão
Assim é seu reino, na vida ou na morte ou que vier primeiro

Não te fiz mal, sou honesto, trabalhador, homem leal
Te carreguei comigo mesmo apedrejado e ferido
Meu corpo padece, homem nenhum merece

Minha lucidez extrema, acolhe-me
Me enxugue as lágrimas que teu inimigo extrai-me
Não me deixe morrer a alma, me acalma


Magnifica é a luz que não cega,
Magnifica é a paz que não controla,
Magnifica é a mão que se estende,
Magnifica é a razão que não aprisiona,


O sol que nasce adorado com sua coroa
Os mitos ganham contornos de tiranos
Bom para homens doentes, e seus planos

A cruz e a encruzilhada no mesmo caminho
A carne , o medo profundo e o gole de vinho
Meu paraíso pode ser a porta, do seu inferno

Silencio é a dádiva do fogo
O monstro, com ares celestiais
Mais um roubo, mais feridas, mortais

Não sou bom o suficiente para acreditar
Não sou filho do homem que tem seu quinhão
Faço das dores dos escravo, o meu refrão.

E assim eu sigo ungido, maldito, banido, faminto, silenciado em toda sua magnitude, magnifica.

sábado, 8 de janeiro de 2022

flores de maio


Quando te vi ali sentada, a beira da estrada
Com as crianças famintas e assustadas

Eu queria poder dizer para você, que tudo isso vai passar, Mas eu mesmo não consigo acreditar

 

Que tudo é  superável

 

Não criamos imagens com as nuvens

E o céu todo está cinza, tão cinza

Não vou reescrever, reinventar

Nada mais colorido

 

As fotos da cabeceira apagaram

Lágrimas não são sementes

E as flores de maio

Há tempos que não desabrocham.

 

Ele olha da janela do seu carro bonito, Um ato simplório,Joga restos de comida eum pedaço de nossas vidas

Ela segue com seu canto lamento, com olhos famintos,A guardando o final dos dias que lhe restam

E tudo é indescritível 





17 demônios


A doença corroeu a alma

Na lama o homem trama

Outro verme, outra peste

 

A farda anestesiou o ferido

O velho capacho do rei

Fala inglês, ser maldito

 

17 demônios,

17 doenças,

17 vezes que o mal vingou,

 

E agora sem, brilho no olhar,

Coração de vidro a espatifar 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Antagonista


Sou poeta, uma festa.
Não tenho poema e não tenho confete.
Um choro na felicidade e lágrimas que não saem.
futuro de velharias e velhas novidades.
A fonte sêca no pântano de terras duras.
O amargo do café na docura da rapadura.
A loucura contida e no silêncio que ensurdece.
Sou poeta, uma festa.
Sou a doçura da fera,
A fresta que se fecha.
Sou contra-mão que se anda,
Sou o inferno que acolhe a prole sem pai.
Sentimento bom na morte.
Sou poeta sem caneta e sem versos.
Sou o inverso.
o resto.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Sem palavras


Queria muito escrever mas não tinha palavras.
Olhei dentro de mim, nos rabisco que eu fazia,
Mas não encontrei nada além das travas.

Tinha dor e decepção mas não havia verbos,
adjetivos, artigos seja em português ou qualquer dialeto.
Nada.

Apenas contemplei a dor mudo e em murmúrios.